by Kássia Rocha
A noite dos espetáculos desenhava e orquestrava os nossos
passos...
Ouço o suspiro trêmulo de
uma fragilidade interior, em seus olhares tento decifrar esta proposta de amor...
O momento surge.
Não encontro mais a sintonia
dedilhada de mistérios, as sinuosas curvas, os cheiros de orvalhos à beira
flor. Lembro-me das novas cores que rugavam em sua fase sob a luz dos
refletores... Fumegantes cores.
Ahhh! Se eu cair no teu enlaço, aconchegar-se num
abraço, ouvir sussurros em graves sons. Trocamos confidências e desejos resguardados,
quantas promessas feitas nos passos sutis de um compasso. E aquele vestido escolhido,
de véspera... Escolhemos juntos... Isso me faz mal, olhar pra ele é como se
lembrar da inesquecível paixão, é sorver um gole amargo do que prematuramente restaram
desta história marcada de mágoas e traição.
Epifanias restaram nesta
confusão. Lembranças todas em vão, me
fazem contorcer-se diante do tão lembrado lance... Do puxar na contra mão. Entre
as travessuras e danças noturnas eram refúgios diários de uma sedução.
Eram somente passos ou
enlaço de uma paixão?
Procuro engajas no mergulho
desta solidão, danço sozinha, olhando para o chão que tamanha imensidão, e devaneios
que me cegam, lágrimas brotam - a dor de uma paixão.
Abro as portas de ensaio,
para a última apresentação, vejo o coração ingrato que não se abala, em minha
percepção. Equilibro-me em suave feição, estagnando com suturas este coração.
Vejo um sorriso, que me desmonta, será mesmo um brincalhão?
Em dueto nos preparamos, sinto o perfume fresco de tão longe
conhecido, ele assovia ao meu ouvido, o medo me esfria por dentro que palavras
ecoarão?
E ouço as firmes palavras ecoando: “Nos passos e enlaço o
que vale é... interpretação”...